24 de nov. de 2011

A favor das ONGs - Ana Moser

Ana Moser 
ex-jogadora de vôlei 

Ana Moser divulga a Caravana Esportiva da Seleção Pública, que ocorre na segunda (28), em Fortaleza. Ela afirma que as ONGs têm sido afetadas pelos escândalos envolvendo o Ministério do Esporte

Como funciona o trabalho da Caravana Esportiva da Seleção Pública-2011?

É uma oficina gratuita, oferecida pela Petrobras, para instituições, prefeituras, projetos de esporte, entre outros. Serve para facilitar na participação de uma seleção pública, lançada pela Petrobras. As instituições têm de inscrever seus projetos na Lei de Incentivo e no site da Petrobras (www.petrobras.com.br/ppec). Há uma série de procedimentos e burocracias e as pessoas, às vezes, têm uma certa dificuldade.

Você é presidente de uma instituição que atende crianças e jovens carentes (Instituto Esporte Educação, o IEE). Na sua opinião, como os recentes problemas envolvendo o Ministério do Esporte podem ter afetado a credibilidade de quem quer trabalhar corretamente?

Acho que a imprensa tem uma responsabilidade de separar o joio do trigo. A maior parte dessas questões envolvendo o Governo Federal tem relação com convênios. O convênio é uma relação entre o governo e a sociedade civil muito antiga, e é complicado. O (Programa) Segundo Tempo atinge no máximo 4% da população de crianças das escolas públicas, tudo através de convênios. E é difícil de fiscalizar. Seria muito mais coerente se fazer convênio com o município do que fazer com Brasília, porque você está ali, na relação diária. O problema muitas vezes são os convênios, não as ONGs. Isso é que é um bom tema para debate, não é generalizar. Acho que a informação não é dada de maneira completa e isso prejudica a formação da opinião pública. E atrapalha muito as ONGs. Conheço dezenas delas e efetivamente todas fazem coisas, não são fantasmas.

Quais as principais virtudes da equipe que você fez parte que poderiam ajudar a atual seleção de vôlei? E vice-versa?

Acho que houve uma evolução no sistema defensivo, especialmente no bloqueio. A força também aumentou. Já a nossa era melhor na criatividade no ataque. Mas tem sido difícil criar uma equipe equilibrada sem uma grande levantadora como tínhamos antes.

Na sua opinião, o que deu errado na Copa do Mundo e nos jogos Pan-americanos?

O Brasil está há cerca de um ano e meio desfalcado. E tem que haver um equilíbrio maior no ataque, até para compensar a inconstância das levantadoras.

Você vê preconceito nas afirmações de que as brasileiras costumam "amarelar"?

Vivemos numa sociedade machista. Nossa geração sofreu muito com isso. Até porque somos contemporâneas da primeira medalha de ouro (no masculino, em Barcelona, 1992).

As cubanas conseguiam mesmo desestabilizar vocês em quadra?

Elas eram muito boas também. Contra elas a gente tinha de jogar 120% para superar isso.

Quem era a mais chata delas?

Eram todas. Não havia exceção. Ficavam fazendo "carinha" e tal... Mas o que mais me revoltava é que aquilo não devia fazer parte do jogo. Bastava a arbitragem punir com a perda de um ponto. Mas não faziam nada.

O que você acha que seria eficiente para evitar futuros apagões como o de Atenas (em 2004, a seleção perdeu sete match points contra a Rússia) ?

O que aconteceu ali não vai acontecer nunca mais. O Zé (Roberto Guimarães, treinador da seleção até hoje) não tinha o grupo na mão.

Por quê?

Porque ele pegou uma geração antiga misturada com uma nova e ele não tinha 100% de adesão das jogadoras. E em 2008 (Pequim) ele teve isso. Até a Fernanda (Venturini) quis voltar para o grupo e ele disse não. Era 100% o grupo.

Foi difícil definir a hora de parar com o vôlei?

Eu fui parada pelas lesões no joelho. Tinha contrato assinado por dois anos com o BCN (clube). Não tinha planejado parar ali. Imagina, há seis meses de Sidney (ela parou em 1999). Mas as dores facilitaram minha decisão.

PERY NEGREIROSSUBEDITOR


Fonte: http://diariodonordeste.globo.com

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