5 de nov. de 2012

Trabalho voluntário no Brasil é uma das áreas com índices de insatisfação mais baixos pela população.

No Brasil, segundo estudo conjunto do IBOPE com WIN (Worldwide Independent Network of Market Research) o número de voluntários já chega a 18% da população. Ainda é pouco se comparado a média mundial que já atinge 32%, mas esse número deve crescer cada vez mais, principalmente pelo fato de que o terceiro setor é um dos trabalhos que mais geram satisfação pessoal tanto para quem faz, quanto para quem recebe.

Ainda segundo o Ibope, apenas 2% das pessoas que participaram de ações voluntárias não as fariam novamente. Como simples comparação, o Índice Nacional de Satisfação do Consumidor (INSC) mediu o contentamento das pessoas com o setor de bens de consumo e apontou 28,4% de insatisfação no país em setembro, o que pode ser um indício de que ajudar o próximo pode trazer mais retorno pessoal do que simples possibilidade de adquirir novos produtos.             

Pensando na grande procura por trabalhos voluntários e também pela carência de informações sobre essas atividades, os estudantes de Administração de Empresas da FEA-USP André Cervi, Bruno Tataren, Daniel Morais e Luis Madaleno criaram o Atados, uma rede social que foi lançada no último dia 30 de outubro e que possibilita aos interessados no terceiro setor encontrar vagas disponíveis pelas organizações e compartilhar seus aprendizados adquiridos.               

A rede possui atualmente o apoio de 70 organizações parceiras que atuam na cidade de São Paulo e, já no lançamento, conta com 150 diferentes vagas para mais de mil voluntários. Segundo André Cervi, 23, a estreia do Atados foi um sucesso e o retorno está sendo muito positivo: “O primeiro passo para conseguir parceiros e vagas foi a divulgação do Atados nas ONGs, para que assim conhecessem um pouco mais da proposta. Uma das vagas que mais está sendo procurada é sobre “adotar” uma criança para esse natal e entregar um presente com uma cartinha. Aparentemente uma ação simples, mas que pode mudar o final de ano de muitas crianças!”.                   

Com a vontade de “atar” cada vez mais pessoas, os estudantes escolheram a internet pela facilidade de integração que ela proporciona e pela velocidade em que as informações circulam: “O site promove uma interação muito grande entre seus usuários. Se, por exemplo, há uma vaga para professor de inglês disponível, as pessoas que estão interessadas em se candidatar podem debater sobre o melhor meio de passar suas aulas. Além de outras ferramentas como as mensagens que podem ser postadas pelo usuário relatando sua própria experiência no trabalho voluntário. A ideia é que isso atraia mais gente a fazer o mesmo”, explica Cervi.     

Ainda de acordo com o estudante, muita gente quer realizar trabalho voluntário, mas não sabe por onde começar, e é dessa maneira que a rede social pretende levar as informações para essas pessoas. Nela é possível filtrar as oportunidades de voluntariado das instituições parceiras por assuntos de interesse, público atendido e por localização.

Esse tipo de ação com impactos sociais integram muito bem a lógica dos diferentes setores econômicos e oferecem produtos e serviços à população excluída, ajudando a combater a pobreza, diminuindo a desigualdade e proporcionando a inclusão social. Além disso, prepara o jovem profissional a ingressar no mercado de trabalho. 

De acordo com Cervi, o projeto foi uma maneira de trabalhar o lado gestor e empreendedor do grupo: “Começamos do zero, então tudo relacionado à rede foi feito por nós. Tivemos que fazer todo o planejamento e seguir o foco escolhido durante a criação da rede”, afirma o universitário que finaliza: “Primeiro de tudo você está ajudando alguém, essa é a melhor recompensa. Você acaba crescendo como pessoa e é por meio dessas experiências que podemos conhecer outras realidades totalmente diferentes das que vivemos”.

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