15 de jan. de 2010

Venturesome: prática financia organizações da sociedade civil

A oferta de crédito para organizações da sociedade civil é um desafio tanto no Brasil e quanto no exterior. Ao longo de 2009, a partir do estudo de modelos de gestão e financiamento para o terceiro setor, o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) identificou o Venturesome como uma estratégia de financiamento capaz de trazer retorno para as instituições.
Assim como o venture philanthropy, a prática não possui tradução na língua portuguesa. Trata-se de uma modalidade de financiamento de organizações criada pela Charities Aid Foundation (CAF), no Reino Unido.

O objetivo é promover fôlego financeiro para a geração de impacto social. Ou seja, conceder empréstimos para que as instituições, em momentos de dificuldade ou necessidade para investimentos, mantenham o fluxo de caixa e dêem continuidade às suas atividades.

A partir de um fundo, a CAF disponibiliza empréstimos de 20 mil a 350 mil libras (de R$ 57 mil a R$ 1 milhão, em valores aproximados), para serem pagos entre 2 e 5 anos – com possibilidade de extensão da dívida para até 7 anos.

A taxa de juros varia de 7% a 10% ao ano. O dinheiro pago retorna ao fundo para ser reinvestido. “A reciclagem do capital torna a ação do fundo perpétua”, explica a economista Martha Hiromoto, que dirigiu voluntariamente o estudo.

Desde 2002, quando criou o Venturesome, a CAF investiu em 200 projetos e programas, predominantemente do Reino Unido. Atualmente, está com 65 em carteira.

O financiamento pode ser empregado naquilo que for necessário para a organização. De acordo com dados da CAF, 40% dos empréstimos realizados destinaram-se à aquisição de imóvel próprio, manutenção de fluxo de caixa e fomento ao desenvolvimento e geração de renda.

Apesar de não exigir garantias como os bancos, a organização pleiteante passa por uma análise de crédito em que demonstre que é capaz de retornar o capital no período de pagamento. A CAF também atua em processo de due dilligence, em que auxilia a organização a gerir os recursos e audita todo o processo. “Não há interferência na administração, mas apoio estratégico e recomendações”, afirma Martha.

Assim, o risco de inadimplência fica reduzido. O ponto de equilíbrio do fundo prevê uma margem máxima de 30% de inadimplentes, mas, até 2009, só ocorreu em 10% dos empréstimos “A meta é investir em projetos e propostas de longo prazo, em que a organização possa se estruturar e se manter”, analisa a economista. O processo de seleção funciona ao longo do ano. Mais informações, em inglês, no site da CAF.

Saiba mais em: http://captacao.org/recursos/noticias/venturesome-pratica-financia-organizac-es-da-sociedade-civil.html

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