22 de ago. de 2011

Entidades corruptas afetam reputação de ONGs sérias


Seja no Ministério do Turismo, seja no Governo do Estado do Ceará, diversos episódios de desvios de recursos públicos apresentam algo em comum: o envolvimento de organizações não-governamentais (ONGs) como mecanismo de captação e desvio de verbas públicas. A participação de instituições do terceiro setor em atos fraudulentos causa prejuízo à imagem de entidades que fazem trabalho sério, segundo aponta a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong).

Não foi à toa que tais entidades se tornaram filão atraente para gente desonesta. Primeiro, há espaços generosos a serem explorados. Levantamento feito pelo portal Contas Abertas mostra que entidades sem fins lucrativos no Brasil receberam R$ 1,6 bilhão dos cofres da União em 2011 - e aí nem estão incluídos pagamentos feitos por estados e municípios.

O volume de dinheiro estatal movimentado por entidades não controladas por governos não é o único fator a atrair corruptos para esse ramo. Há também facilidades na contratação, como possibilidade de dispensa de licitação.

Neste cenário, de acordo com Vera Masagão, diretora-executiva da Abong, diversas entidades que efetivamente prestam serviço a diferentes comunidades hoje sofrem de desconfiança e algumas dificuldades em angariar recursos.

“As entidades que se envolvem em esquemas de corrupção são organizações obscuras, recém-criadas, que ninguém conhece, mas que, de repente, recebem milhões do governo”, afirmou Vera. Ela relembrando o caso do Ministério do Turismo, em que foi detectada irregularidade em convênio entre a pasta e algumas organizações não-governamentais para o treinamento de agentes de turismo. Os convênios custaram R$ 4,4 milhões.

No Ceará, entidades sem fins lucrativos receberam recursos da Secretaria das Cidades do Estado. O objetivo seria a construção de banheiros em comunidades carentes, mas O POVO revelou - e investigações do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Ministério Público confirmaram - que as obras nunca foram realizadas.
 
Crítica
Para Vera, uma das brechas que permitem a corrupção com o dinheiro público através das ONGs é de responsabilidade dos governos. Segundo ela, há falha nos sistemas de fiscalização, o que facilita a ocorrência de desvios.
Sobre o valor de R$ 1,6 bilhões repassados à organização sem fins lucrativos, a Abong comentou que o Brasil é hoje um dos países em que esse tipo de entidade menos recebe verbas estatais.

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