13 de abr. de 2012

Palestrante da 44ª edição do Fórum Aliança pela Infância fala sobre comunicação pacífica

A próxima edição do Fórum Aliança pela Infância terá como tema a comunicação, com foco naquela que é realizada de forma pacífica. Como convidada, a atual diretora da UMAPAZ – Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz, Rose Inojosa, falará sobre o percurso das palavras, seus invólucros e efeitos como partes da comunicação, convidando todos a refletir sobre práticas do dia-a-dia, buscando um caminho que leve à conscientização dos benefícios de um diálogo pacífico e sem agressões.

Confira a entrevista concedida por Rose ao Blog da Aliança pela Infância – e não deixe de comparecer ao Fórum, que será realizado no próximo sábado (14), a partir das 9h, na UMAPAZ!

O que é considerada, de fato, comunicação violenta?

Rose: Mais fácil exemplificar o que é a comunicação não-violenta: é aquela que respeita o interlocutor, seu direito de pensar diferente e sua forma de expressão; que é assertiva, porém pacífica (tanto no conteúdo como na forma de expressão) e que comporta o reconhecimento dos conflitos e a suas resoluções de forma pacífica. Neste cenário, é mais fácil compreender o que é a comunicação violenta: é, exatamente, o oposto, e que se manifesta nas estratégias de luta ou fuga (isto é, no confronto entre os interlocutores) ou ignorando a vontade ou expressão do outro.
  
São apenas palavras que caracterizam uma comunicação violenta? Existem gestos ou outras ações que transparecem este teor de comunicação? 

Rose: Até mais do que as palavras, as posturas e expressões gestuais são muito importantes na comunicação. Nós, humanos, nos entendemos por diversas linguagens. É possível que uma linguagem contradiga o que a outra está manifestando. Por exemplo: uma palavra dura pode ser dita com um sorriso, criando dúvida no interlocutor sobre o seu sentido; gestos bruscos ou expressões faciais podem desmentir uma fala aparentemente atenciosa.

Quais são os efeitos de uma comunicação violenta para uma criança? Como se pode perceber que ela está sendo alvo de um cenário em que a comunicação deste tipo é uma constante?

Rose: São muito graves e profundos. Não é apenas a agressão em si, mas também a incoerência entre expressão oral e gestual que afeta a criança. Uma criança que ouve frequentemente palavras de crítica e desestimulo pode adquirir baixa autoestima e ter dificuldades em seu desenvolvimento, por consequência. Já uma atitude inversa é aproximar-se dela, na sua altura, ao falar: é uma forma de abordagem respeitosa.

Como transformar uma comunicação violenta em uma não violenta?

Rose: É preciso, fundamentalmente, exercitar a capacidade de escuta. O Ruben Alves tem um texto lindo, chamado Escutatória: ele diz que a gente costuma ser treinado em oratória, mas não em “escutatória”. Parece que estamos mais dispostos a aprender como convencer o outro com palavras do que com ações. No entanto, o necessário é que possamos escutar com atenção e respeito. Não se trata de concordar com posições ou ideias com as quais não compartilhamos, mas de ser capaz de compreender as diferenças e, ao mesmo tempo, afirmar nossas próprias posições de forma pacífica. Também é preciso ter a percepção de quando o diálogo pode descambar para o confronto, durante a interlocução. Nestas oportunidades o silêncio pode ser assertivo  e respeitoso, ao mesmo tempo.

Nenhum comentário: