Confira a entrevista concedida
por Rose ao Blog da Aliança pela Infância – e não deixe de comparecer ao Fórum,
que será realizado no próximo sábado (14), a partir das 9h, na UMAPAZ!
O que é considerada, de fato, comunicação violenta?
Rose: Mais fácil
exemplificar o que é a comunicação não-violenta: é aquela que respeita o
interlocutor, seu direito de pensar diferente e sua forma de expressão; que é
assertiva, porém pacífica (tanto no conteúdo como na forma de expressão) e que
comporta o reconhecimento dos conflitos e a suas resoluções de forma pacífica.
Neste cenário, é mais fácil compreender o que é a comunicação violenta: é,
exatamente, o oposto, e que se manifesta nas estratégias de luta ou fuga (isto
é, no confronto entre os interlocutores) ou ignorando a vontade ou expressão do
outro.
São apenas palavras que caracterizam uma comunicação
violenta? Existem gestos ou outras ações que transparecem este teor de
comunicação?
Rose: Até mais do que as
palavras, as posturas e expressões gestuais são muito importantes na
comunicação. Nós, humanos, nos entendemos por diversas linguagens. É
possível que uma linguagem contradiga o que a outra está manifestando. Por
exemplo: uma palavra dura pode ser dita com um sorriso, criando dúvida no
interlocutor sobre o seu sentido; gestos bruscos ou expressões
faciais podem desmentir uma fala aparentemente atenciosa.
Quais são os efeitos de uma
comunicação violenta para uma criança? Como se pode perceber que ela está sendo
alvo de um cenário em que a comunicação deste tipo é uma constante?
Rose: São muito graves e
profundos. Não é apenas a agressão em si, mas também a
incoerência entre expressão oral e gestual que afeta a criança. Uma criança que
ouve frequentemente palavras de crítica e desestimulo pode adquirir baixa
autoestima e ter dificuldades em seu desenvolvimento, por consequência. Já
uma atitude inversa é aproximar-se dela, na sua altura, ao falar: é uma forma
de abordagem respeitosa.
Como transformar uma comunicação violenta em uma não
violenta?
Rose: É preciso,
fundamentalmente, exercitar a capacidade de escuta. O Ruben Alves tem um texto
lindo, chamado Escutatória: ele diz que a gente costuma ser treinado em
oratória, mas não em “escutatória”. Parece que estamos mais dispostos a
aprender como convencer o outro com palavras do que com ações. No entanto, o
necessário é que possamos escutar com atenção e respeito. Não se trata de
concordar com posições ou ideias com as quais não compartilhamos, mas de ser
capaz de compreender as diferenças e, ao mesmo tempo, afirmar nossas próprias
posições de forma pacífica. Também é preciso ter a percepção de quando o
diálogo pode descambar para o confronto, durante a interlocução. Nestas
oportunidades o silêncio pode ser assertivo e respeitoso, ao mesmo tempo.
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